Os convidados ressaltaram o papel da relação com o público como fator de motivação
Júlia Leite
“Percebi que a internet tinha um espaço onde eu poderia ser eu de uma forma muito legal, que conseguiria alcançar um público significativo. Foi uma janela que se abriu e trouxe várias oportunidades de trabalho”, contou Roberta Camargo, jornalista e criadora do projeto Simplão, boletim semanal de notícias em podcast e vídeo no Instagram. A mesa de abertura do segundo dia do Controversas, “Novos Nichos de Atuação”, contou também com a presença de Rodrigo Alves, jornalista e criador do podcast Vida de Jornalista, e João Abel, jornalista e apresentador do Drops do Estadão no Instagram. A mediação foi de Cecile Mendonça, aluna de Jornalismo da UFF.
Os convidados discutiram o espaço do jornalismo nos novos ambientes virtuais que surgiram nos últimos anos; também debateram as condições de trabalho nesses espaços e a saúde mental na pandemia. Para João Abel, “a gente teve que aprender a se reinventar na pandemia, gravar vídeos em casa, e se aproximar do seguidor de alguma forma. Esse tipo de conexão é muito importante e mudou um pouco a forma como as pessoas enxergam o jornalista”. Ele continuou: “é esse tipo de quebra e de maior proximidade com o leitor, com o seguidor, com quem tá te assistindo que me motiva a criar esse tipo de conteúdo”. Roberta complementou dizendo: “eu acho que é isso que motiva, as conexões reais que eu consigo fazer com as pessoas. Acho que a troca é uma das coisas que mais me motiva a continuar e a fazer meu trabalho da forma como eu faço hoje em dia”.
Rodrigo afirmou que o que mais o estimula é saber que o jornalismo hoje abre diferentes possibilidades e formatos de produção de conteúdo. “É claro que a gente tem um monte de desafios. Mas a gente nunca teve tanta ferramenta boa e gratuita para produzir jornalismo nas diversas formas possíveis”, sintetizou o jornalista.
Roberta contou sobre a criação do Simplão. “Eram poucos os recursos, e eu falei ‘é isso, tenho minha cara e o meu celular, vou fazer do jeito que dá’. E aí entra o lance da galera que acompanha, que apoia. Mas essencialmente faço um produto que eu consumiria”. Ela continua: “Como eu sou uma produtora de conteúdo de um braço só é muito difícil. Eu tenho que fazer o roteiro, as entrevistas, arrumar o cenário, editar, divulgar etc.”. Rodrigo Alves, do podcast Vida de Jornalista, complementou: “A gente está sempre tentando entender de que maneira a gente vai empacotar aquele conteúdo para entregar para as pessoas. É um desafio, mas é muito gostoso de fazer”.
Sobre saúde mental, Roberta ressaltou a importância do auto-cuidado. “A gente pode até ter muita energia no começo da profissão, mas a gente tem que ter muita responsabilidade. Se a sua saúde não estiver em dia, nada vai estar. Não vai dar para você produzir absolutamente nada se a sua cabeça estiver esgotada”. João Abel aconselhou: “Vai com calma, não fica nessa ansiedade de achar que tudo vai se resolver em dois meses, às vezes as coisas demoram e a gente se cobra muito”. Já para Roberta, “a gente não pode usar a régua dos outros para medir o nosso sucesso, para medir as nossas conquistas”. A jovem jornalista recomendou: Estejam abertos para os aprendizados e paras lições que todas as experiências trazem e respeitem os limites de vocês”.
Como um conselho para futuros jornalistas, Roberta falou da importância de se aprender com os encontros e as experiências que a profissão oferece. João ressaltou: “conte com outras pessoas também, não ache que você consegue fazer tudo por conta própria, e tenha sempre consciência de que o seu trabalho não é o centro da sua vida. O centro da sua vida é você, então faça outras coisas além daquilo que dá o seu sustento; é importante para o seu crescimento”.
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