Por João Paulo Souza
O segundo dia do Controversas foi iniciado com a mesa Rumos no Jornalismo esportivo,
com a presença de Marcos Uchoa, ex-jornalista da Globo; Aydano André Motta, do
Redação Sportv e do projeto Colabora; Fernanda Maia, do SBT Sports; e Bruna Rodrigues,
da TV Globo. Os convidados trataram de assuntos como o mercado de trabalho e a função
do jornalista esportivo, e falaram um pouco sobre suas trajetórias e de como enxergam o
futuro da profissão. A mediação, no formato de bate-papo, ficou sob a responsabilidade dos
alunos de Jornalismo Lucas Leonel, Luann Carvalho e Matheus Mattos.
Marcos Uchoa disse considerar que a cultura esportiva, além da cultura geral, é importante
na hora de cobrir um grande evento, como uma Olimpíada ou um Copa do Mundo. “Uma
reportagem de esporte requer, obrigatoriamente, uma cultura de esporte, e isso é adquirido
com o tempo”, disse. Já para Aydano, a melhor maneira de ser jornalista esportivo é
incorporando as perspectivas social, econômica e dos direitos humanos.
Eles reforçaram a ideia de que, no jornalismo, cada vez mais o profissional precisa assumir
diversas funções. Trata-se de uma exigência do mercado. Aydano falou sobre como é
importante ser multifuncional. Outra recomendação é que um repórter esteja
“patologicamente bem informado”. “Costumo dizer que um repórter precisa ter três
perguntas na ponta da língua para qualquer autoridade com quem se encontrar por acaso”,
disse.
Fernanda Maia corroborou a afirmação do colega. Ela mesma hoje também cumpre
multifunções no SBT. Além de apresentadora e comentarista, também é locutora, e
reafirmou que um bom jornalista tem que saber de tudo um pouco e que estar bem
informado é primordial.
Bruna Rodrigues, que cobre automobilismo na Globo, trouxe outro debate fundamental.
Formada pela UFF, ela se posiciona como uma mulher preta que teve que enfrentar e ainda
enfrenta muitos preconceitos. A jornalista lembrou que o automobilismo é um esporte
totalmente voltado para pessoas brancas e pouco receptivo a minorias.
Até por isso, Bruna acaba por ser um espelho para muitos jovens que entram na faculdade
e têm o sonho de ir para um grande veículo. Como ela mesmo disse: “posso ser uma
pequena catalisadora, de grandes mudanças que devem acontecer para que haja mais
diversidade [no mercado de trabalho]”.
Fernanda Maia também enfrentou machismo na profissão. Ela cobre futebol, área de
cobertura em que a masculinidade hegemônica é muito valorizada. A boa notícia é que os
convidados enxergam avanços no sentido de uma maior diversidade nas redações. Ainda é
pouco, mas o cenário vem lentamente se transformando.
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